Os temas do 1º de maio no governo Dilma
Relembre como foram os atos organizados pelas centrais durante o primeiro mandato da petista
São Paulo - Histórico aliado das centrais sindicais, o PT passa por um momento delicado com o movimento sindicalista neste começo de segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Com a nomeação do ortodoxo Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e a implementação de um ajuste fiscal com mudanças em benefícios trabalhistas o governo vem causando críticas na própria base e em sindicatos que, desde o primeiro mandato, apoiaram Dilma.
As posições dos sindicatos se refletem principalmente nos atos marcados para este 1º de maio, Dia do Trabalho e quando são realizadas as tradicionais comemorações das centrais sindicais, que também aproveitam a data para expor suas reivindicações
Relembre como foram as celebrações de 1º de maio durante o primeiro mandato de Dilma:
2011- Imposto sindical e inflação:
Contexto da época: Um ano após Dilma ser eleita com amplo apoio das centrais sindicais,os atos de primeiro de maio foram marcados pelo debate entre as duas maiores centrais - CUT e Força Sindical - acerca do imposto sindical, contribuição obrigatória dos trabalhadores e principal fonte de financiamento do movimento sindical e pelo embate entre o governo e a oposição em relação à inflação. A CUT, ligada ao PT, defendia o fim da contribuição e a Força Sindical defendia a manutenção do imposto.
Pronunciamento: Em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV às vésperas do 1.º de Maio, a presidente Dilma Rousseff anunciou o lançamento do programa Brasil Sem Miséria e defendeu "jogo duro" contra a inflação. Neste ano a presidente foi diagnosticada com pneumonia e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gilberto Carvalho foi aos atos em seu lugar, prática que se repetiu nos anos seguintes.
Atos: O tucano Aécio Neves participou no ato organizado pelas centrais Força Sindical, UGT,CGTB, Nova Central e CTB na capital paulista e capitaneou o discurso da oposição ao criticar a "omissão" do governo no combate à inflação. O também tucano Geraldo Alckmin chegou a ser vaiado no evento. Presentes nos eventos da Força Sindical e no da CUT, que foram separados devido ao impasse sobre o imposto sindical, Gilberto Carvalho rebateu as acusações da oposição e leu uma carta de Dilma dizendo que não permitiria que a inflação voltasse a "corroer o poder aquisitivo dos trabalhadores".
Já o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, disse que "a presidente Dilma respondeu à nossa reunião, feita há um mês, onde colocamos que ela tinha de ter mais ousadia com o sistema financeiro". "Ela tinha de cobrar mais a redução do spread bancário e utilizar os bancos públicos para isso", disse o sindicalista, que participou da festa de 1.º de Maio organizada pela
Os atos também foram marcados pela ausência dos tucanos Geraldo Alckmin, José Serra e Aécio Neves, que alegaram problemas pessoais e de saúde para não conseguir ir nas comemorações. A ausência dos tucanos ocorreu, coincidentemente, alguns dias após o PSDB organizar evento de lançamento de seu núcleo sindical, que reuniu Serra, Aécio e outros caciques da legenda.
2013 - Inflação:
Contexto: Há um ano da disputa eleitoral para a Presidência, os atos de 1º de maio foram utilizados pela oposição para criticar o governo.
Atos: Diferente do ano anterior, o senador tucano Aécio Neves marcou presença no evento da Força Sindical e fez duras críticas à política econômica do governo Dilma que, segundo ele, tratava com "leniência" o aumento da inflação. O então governador de Pernambuco e pré-candidato à Presidência, Eduardo Campos (PSB) não compareceu ao evento da Força, mas enviou emissários de seu partido que se uniram à retórica tucana e endossaram as críticas sobre a sombra da inflação.
Diferente do ano anterior, Paulinho da Força (PDT-SP), que estava se aproximando de Campos na época, fez duras críticas ao governo Dilma e disse que "ninguém a aguenta" mais na Presidência. Como nos anos anteriores, o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gilberto Carbalho participou dos atos representando a presidente e disse que a petista agia como "uma leoa" contra a alta dos preços. Apesar do apoio da CUT nos atos, o presidente da entidade, Vagner Freitas cobrou a redução da jornada de trabalho e ameaçou organizar protestos caso o governo não atendesse às reivindicações dos sindicalistas.
2014 - 'Pacote de bondades':
Contexto: Com a queda da popularidade da presidente e os primeiros desdobramentos da Lava Jato em pleno ano de disputa eleitoral, Dilma anunciou às vésperas do 1º de maio um "pacote de bondades" que incluía reajuste da tabela do Imposto de Renda e do Bolsa Família. Ao mesmo tempo, os opositores Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) articulavam suas candidaturas e não poupavam as críticas à presidente.
Pronunciamento: Além de anunciar medidas populares como a correção da tabela do Imposto de Renda e o reajuste do Bolsa Família, a presidente utilizou seu discurso em rede nacional para rebater ataques dos adversários sobre a política econômica do governo e a crise na Petrobrás. Pré-candidata à reeleição, Dilma disse ainda que pretende "continuar a política de mudanças" para "os pobres e a classe média">
Atos: O elogio ao discurso da presidente Dilma nas vésperas prometendo a manutenção da política de valorização do salário mínimo e a correção da tabela do Imposto de Renda marcou a festa promovida pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Central dos Sindicatos do Brasil (CSB) na capital paulista. "Foi um dos melhores pronunciamentos dela por atender à classe trabalhadora", disse Vagner Freitas, presidente da CUT.
O público jovem, contudo, perdeu a paciência durante os discursos e vaiou indiscriminadamente quem tentou falar. Nas duas vezes em que o nome de Dilma foi citado as vaias aumentaram. Os opositores Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Cunha (PSB) utilizaram ao ato da Força Sindical como palanque para criticar a presidente.
Dilma desiste de pronunciamento na TV no 1º de Maio
Por receio de novos panelaços, esta será a primeira vez desde que assumiu que a presidente não se dirigirá aos trabalhadores
Brasília - Após ter sido alvo de um panelaço em diversas cidades do País quando falou pela última vez em cadeia de rádio e TV, no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a presidente Dilma Rousseff desistiu de fazer o tradicional pronunciamento à Nação no Dia do Trabalho, em 1.º de maio.
A decisão foi tomada nesta segunda-feira, 27, durante reunião da presidente com o seu núcleo político. Desde que assumiu o primeiro mandato, em 2011, esta será a primeira vez que Dilma não se dirigirá aos trabalhadores na data. A comunicação será feita via redes sociais, mas o modelo a ser usado ainda vai ser definido
Apesar da decisão inédita, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, negou que a presidente tenha desistido de ir à TV por temor de que haja novos panelaços. O episódio precedeu os atos do “Fora Dilma” de 15 de março.

“A presidenta não teme nenhum tipo de manifestação da democracia. Toda manifestação que é oriunda da construção de um Brasil democrático a presidenta não tem temor com isso”, disse Edinho. “A presidenta vai dialogar com o trabalhador pelas redes sociais.”
Segundo o ministro, a necessidade de uma nova estratégia de comunicação foi “unânime”. “A presidenta só está valorizando um outro modal de comunicação. Ela já valorizou as rádios, valoriza todos os dias a comunicação impressa, ela valoriza a televisão e ela resolveu, desta vez, valorizar as redes sociais”, afirmou o ministro, escalado para falar ao fim da reunião no Palácio do Planalto.
Na avaliação de integrantes do governo, conforme relatos colhidos pelo Estado, não havia anúncio de medidas a ser feito, caso Dilma optasse pelo pronunciamento, o que poderia ser um motivo a mais para reacender a reação negativa contra o governo.
A última vez que um presidente não foi à TV para falar no Dia do Trabalho foi em 2009, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou por comparecer a uma cerimônia alusiva à data, no Rio de Janeiro. Em 2003, no seu primeiro ano de governo, Lula também não foi à TV, mas esteve presente à uma missa em homenagem aos trabalhadores, em São Bernardo do Campo, em São Paulo. Lula usava bem menos a estratégia dos pronunciamentos que Dilma. Em quatro anos e quatro meses de governo, a presidente já igualou o número de pronunciamentos dos oito anos do Lula.
Lula. Nesta segunda-feira, 27, Dilma se reuniu por cerca de duas horas com Lula em um hotel de São Paulo. Dilma chegou à capital paulista pouco antes das 14 horas, após visitar a região de Xanxerê (SC), que foi atingida por um tornado na semana passada.
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